quinta-feira, 29 de julho de 2010

Talvez um dia

Talvez um voltasse, talvez o outro fosse. Talvez um viajasse, talvez outro fugisse. Talvez trocassem cartas, telefonemas noturnos, dominicais, cristais e contas por sedex (...) talvez ficassem curados, ao mesmo tempo ou não. Talvez algum partisse, outro ficasse. Talvez um perdesse peso, o outro ficasse cego. Talvez não se vissem nunca mais, com olhos daqui pelo menos, talvez enlouquecessem de amor e mudassem um para a cidade do outro, ou viajassem junto para Paris (...) talvez um se matasse, o outro negativasse. Seqüestrados por um OVNI, mortos por bala perdida, quem sabe. Talvez tudo, talvez nada.


[Caio Fernando Abreu]

2 comentários:

  1. Adoro Caio...pena que já foi, tão cedo...mas ler coisas assim são tão boas...dá uma dorzinha na alma...saudade de outros tempos...de tempos que nem aconteceram...êeeita vida...que bom que vc lê coisas boas assim menina! bjão!

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  2. Ah ! obrigada prima,eu sempre procuro novos escritores;aonde as frases e textos demonstrem bem o que sinto,e o Caio eu gostei realmente.

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